Companhia Arte em Espetáculos

sexta-feira, 24 de junho de 2011

ACEITAÇÃO



Quantas pessoas vivem atormentadas, angustiadas e com a famosa depressão! Os motivos são os mais variados possíveis. Esse não é um tema tão simples de ser abordado, mas vou arriscar a tecer algumas considerações.
Eu bem sei que existem profissionais competentes, para lidar com esse problema de saúde e grande é a quantidade de psicólogos e psiquiatras que prestam seus valiosos conhecimentos, no intuito de ajudar a reduzir esse sofrimento que abrange um número cada vez maior de pessoas e muitas delas tem uma tendência natural, uma pré-disposição à essa doença. Algumas apelam aos famosos amansa leões, como são chamados os calmantes por quem já está familiarizado com este tipo de remédio. Eles auxiliam nos momentos de extrema angústia, mas após um tempo, dada a dependência que geram pelo uso contínuo e os efeitos colaterais que provocam, os usuários sentem o desejo de se libertarem e aí começa uma nova batalha, a da sobrevivência sem a droga.
É um ciclo vicioso. Primeiro existe a luta contra a depressão e depois uma imensa batalha para vencer aquele que se tornou um falso amigo, o próprio remédio.
Na grande maioria das vezes, a depressão é provocada por um determinado problema que provocou um abalo emocional e os motivos são os mais variados possíveis. Essa doença não escolhe nível social e não se importa com a situação financeira, podendo atacar qualquer indivíduo indiscriminadamente. As causas vão desde a morte de um ente querido, à separação conjugal, desemprego, insatisfação pessoal, abandono, traumas, obesidade, magreza, desarmonia familiar, dívidas, carência afetiva, estress, solidão, medo, mágoa, ou tendência natural. Enfim, são inúmeros motivos, cada um com sua peculiaridade, variando com a personalidade de cada pessoa.
Qual seria a palavra chave para a solução? Aceitação.
Ocorre que isso é algo difícil de acontecer. Antes de tudo vem o sofrimento, muitas visitas ao psicólogo, muitas lágrimas, angústia infinda e depois caixas e mais caixas de remédios.
Aceitar é dar o primeiro passo para curar a ferida aberta dentro do coração. Depois é aceitar e daí a ferida aos poucos vai cicatrizando. A pessoa vai dando passos cada vez mais largos e acaba se libertando de todo a tristeza, deixa o psicólogo e pode até vir a abandonar os remédios.
Aceitação não significa comodismo. Muito pelo contrário. É a difícil tarefa de olhar para dentro de si e enxergar a causa de todo o sofrimento. A causa existe e é preciso se livrar. Mas como?
Não insistindo em sofrer por ela. Por exemplo, no caso da morte de um familiar. A morte é irreversível, nada fará com que aquela pessoa volte. Lidar com esse tipo de perda é algo realmente muito duro, dói muito. Sangra o coração sabermos que nunca mais veremos aquele alguém que tanto amamos, mas a partir do momento que aceitamos a morte, o sofrimento vai amenizando e aos poucos vai embora.
Aceitar antes de tudo é reagir. A reação com a aceitação é a alavanca que auxilia na tentativa de sair à procura da verdadeira cura e da felicidade plena.
Aceitação é reação. Esta é minha singela maneira de desejar uma caminhada de luz à todos aqueles que sofrem dessa triste doença, que é a depressão. É um incentivo, para que se dê o primeiro passo.

ROSANA MONTERO CAPPI

7 comentários:

Sonícula disse...

é mesmo Rô:dizer sim e ação!...mas com amigos e familiares ao lado certamente a vida tem leveza!Seu texto está bem estudado e pode ser aproveitado em palestras positivas em grupos de estudos!Obrigada....ótima semana!

DALVA SAUDO disse...

Rosana:
Continue sempre assim! Essa fortaleza tentando amparar. Essa mulher que procura e vai a caminho da luz, cujos reflexos auxiliam os amigos dando-lhes conforto e esperança. Ah Rosana, como é bom ter amigas como você!

magdalena vannuchi disse...

Querida Rosana,
Sua análise sobre a depresão certamente vai ajudar muitas pessoas que precisam de um estímulo para reagirem diante de uma situação tão díficil.Aceitar-se , olhar para dentro , se encontrar por inteiro, aquietar-se e deixar a vida fluir com mais calma.Depois olhar para fora e sentir a presença Divina em tudo que nos rodeia, respirar profundamente e amar incondicionalmente.

Rachel disse...

Você foi muito feliz desse texto. De uma outra forma, você orienta de forma espiritualista. Parabéns pela inspiração!

Rosana Montero Cappi disse...

Depoimento enviado por e-mail por
Maria Helena Lobo Ferrreia

Cara Rosana,
Muito bom seu texto sobre a depressão. Concordo com seu ponto de vista.Não sei se por coincidência ou não, hoje, fiquei muito abalada ao saber que uma mãe que perdeu o filho em um acidente de moto há pouco mais de um ano cometeu suicídio.Deixou dois filhos órfãos por não aceitar a morte do segundo filho.Seu texto me faz crer que é realmente necessário buscar, além dos recursos da medicina, força interior para se obter a cura para feridas da alma.
Vou continuar lendo seus textos.
Um abraço.

Marisilda Tescaroli disse...

Muito bom seu texto. Aceitação do que não pode ser mudado é a base da felicidade. Quanto a depressão, quero falar um pouco. Tenho depressão desde os quator, cinco anos talvez. Sei que psiquiatra eu comecei a frequentar aos 9 anos. Fiz muita terapia. Passei mais tempo sem remédio do que com. Aliás detesto calmantes. A depressão é um problema químico do cérebro. Somos uma usina que diuturnamente hormônios e outras substâncias químicas. A depressão surge de um desequilíbrio que se dá a partir de um gatilho: morte de alguém querido; perda de emprego; problema em família... A minha depressão nunca me impediu de trabalhar, portanto não é grave, mas faz seus estragos na minha vida. Aceitação é muito bom, remédio o é só quando necessário. A questão é balancear tudo isso e saber discernir quando é hora de procurar um psiquiatra, um terapeuta e simplesmente rezar. Continue sempre. Abração.

Sandra C. Perossi disse...

Querida amiga
Como sempre você conseguiu colocar em texto de uma forma tão simples e objetiva um tema tão complexo.
Hoje a depressão é muito comum entre nós, porque as pessoas não conseguem parar para olhar para dentro de si mesmo. Como você disse a aceitação é importante para a cura desta moléstia, pois é o primeiro passo para a mudança da realidade depressiva. "Quando não enfrentamos os fatos existenciais com plena aceitação, criamos quase sempre uma estrutura mental de defesa."
Parabéns e obrigada.